quarta-feira, 6 de junho de 2012

Aqui estou. Nú, pelado, nuelo... Completamente despido. Sem armadura, sem casca, sem bolha, sem casulo. Nada! Sou apenas um corpo no meio da rua, inteiramente vulnerável. Rodeado de julgamentos, palavras mudas e olhares que gritam.
Vejo pessoas rindo, pessoas desviando o olhar, pessoas que querem ajudar mas não podem. Não podem porque o pudor não deixa, o medo os afasta. Pessoas olham só por curiosidade. E eu continuo nú. Completamente vulnerável a qualquer coisa. Uma pedra, um vento, um abraço, uma chuva, uma dor, um amor... Fiquei entregue ao mundo, à rua. E fiquei lá.
Palavras me rodearam, palavras que não me fizeram vestir ou sentir vergonha. Fiquei um vulnerável inerte. Sem medo nem coragem; sem amor nem dor; sem razão ou sentimento. Eu, hoje, sou um corpo nú extremamente vulnerável.
Vander Lee - Alma Nua
Ó Pai
Não deixes que façam de mim
O que da pedra tu fizestes
E que a fria luz da razão 
Não cale o azul da aura que me vestes
Dá-me leveza nas mãos
Faze de mim um nobre domador
Laçando acordes e versos
Dispersos no tempo
Pro templo do amor
 Que se eu tiver que ficar nu
Hei de envolver-me em pura poesia
E dela farei minha casa, minha asa
Loucura de cada dia
Dá-me o silêncio da noite
Pra ouvir o sapo namorando a lua
Dá-me direito ao açoite
Ao ócio, ao cio
À vadiagem pela rua
Deixa-me perder a hora
Pra ter tempo de encontrar a rima
Ver o mundo de dentro pra fora
E a beleza que aflora de baixo pra cima
Ó meu Pai, dá-me o direito
De dizer coisas sem sentido
De não ter que ser perfeito
Pretérito, sujeito, artigo definido
De me apaixonar todo dia
De ser mais jovem que meu filho
E ir aprendendo com ele 
A magia de nunca perder o brilho
Virar os dados do destino
De me contradizer, de não ter meta
Me reinventar, ser meu próprio Deus
Viver menino, morrer poeta

http://www.vagalume.com.br/vander-lee/alma-nua.html#ixzz1wz3DZhRQ

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