domingo, 7 de outubro de 2012

"Só o amor é luz"

       Aqui estou de novo no escuro, no breu total. O escuro transforma os limites em infinito, rompe a barreira de quem "estou" e aflora o quem "sou". Deixo de ser casca para ser carne, deixo de ser visão e passo a ser calor. A escuridão transforma meu corpo em apenas coração pulsante e pensamentos inquietos, me conecta comigo mesmo e aguça minha percepção do mundo infinito que há em mim.
       O escuro transformou meus medos em conforto, o caos em calmaria, o silencio interno em gritos e choros de alegria. No escuro posso ver o amor, sentir seu toque, seu cheiro, ouvir sua voz... O escuro me ensinou que o mundo dialoga e te ensina muito mais do que você pode enxergar. O escuro me fez ver as coisas que não se vê, ouvir o que não se ouve e sentir o que desde sempre deveria estar em mim e eu não conseguia incorporar.
     Ao ponto em que não podemos enxergar nada, quem somos nós e quem são os outros? Qual a diferença entre o corpo e a alma? Quais as fronteiras intransponíveis? O que é belo? O que é errado?