sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Hoje é dia de Guerra, Bebê!

       Jogado no chão como se fosse despejado junto com todo o lixo que está ao meu redor. Feridas ainda abertas insistem em não cicatrizar e a dor da alma supera a dor carnal. Estirado, enrolado em trapos sujos e fétidos, sinto minhas entranhas apodrecerem, como se já houvesse morrido. A morte veio me visitar, não quis receber, mas comi as sementes que me deste. Estou morrendo por dentro.
       É a guerra, meu bem! Ela um dia chega para nós, também. Dessa vez chegou devastando meus sonhos, nosso futuro, meu caminho. Furacões e terremotos me puseram de cabeça para baixo. Me sinto tonto, me sinto fraco, sinto fome, sinto frio, sinto ainda mais medo. Dos meus olhos não saem mais lagrimas, por mais que eu tente, dos seus saem um rio.
       Espero suas mãos leves pra limpar o sangue do meu rosto, em formas de carícia; seus braços castos para me apertar contra seu peito, para que eu consiga ouvir um coração que ainda bate por nós. Me veste uma roupa limpa, cuida de minhas feridas, me ama.
       Tira essa armadura, anjo! A guerra não há de durar, os ventos já estão mais calmos e a terra não treme mais. Deixa o rio seguir seu curso para que as sementes possam germinar. Joga fora essas armas, não há de ter mais mascaras, esquece os planos de fuga e fica pra cuidar do que desde sempre já era seu.